terça-feira, 10 de setembro de 2013

Pessoas diferentes...Praias diferentes

Esta imagem, juntamente com um video que vi, tem marcado o meu dia...


...Na imagem pode ver-se um homem...Raoni...lider tribal de etnia Caiapó...e esse homem está a chorar porque lhe deram a notícia de que a Presidente Dilma (Brasil), tinha autorizado a construção de uma barragem que inundará o terreno onde habita a sua tribo...

Passemos isso para os nossos dias...para a nossa cultura...o nosso governo quer fazer uma barragem...precisa do nosso terreno...mas nós temos um valor sentimental pelo nosso terreno, e esse terreno tem um preço que, ultrapassado, poderá sustentar qualquer realojamento e adaptação a uma nova realidade...
...será que uma tribo de indígenas, que sempre viveu no meio da selva...que se moldou Naquele habitat...que tem relações específicas com outras tribos que ocupam outras áreas na mesma floresta (nem sempre pacíficas)...que não confere ao seu terreno um valor económico...e cuja readaptação a uma nova zona/realidade poderá colocar em causa toda uma cultura, pode ser alvo do mesmo tratamento?

...estamos tão ocupados em "ficarmos todos iguais"...com maiores comodismos...que nos esquecemos do Ser "ligeiramente diferente" que vive no nosso quintal...sendo que não podemos deixar de colocar a pergunta: "será que é ele que vive no meu quintal, ou sou eu que vivo no quintal dele?"...porque somos iguais, e a minha cultura não é mais importante que a dele...baseamos-nos é em valores diferentes...

Pessoalmente, sempre gostei da ideia de existirem culturas diferentes...hábitos diferentes...
...enquanto miúdo houve algumas culturas e hábitos que desejei ver ao vivo...e que ainda desejo (malfadado euromillions que não tem jeito de me vir parar ao bolso): ...uma oração no Nepal...uma caminhada nos Andes...tatuagens na Amazónia....cruzar o deserto com os Tuaregues...conduzir uma piroga na Papua...pescar no árctico...mergulhar nu num lago da Patagónia...entre tantas outras coisas sobre as quais li, vi reportagens, ou que nunca ouvi falar...

...mas a ocidentalização impulsiona a aculturação...e se por um lado fico contente (segurança, saúde, educação, higiene)...por outro lado fico triste, pois é na diferença que se evolui...e é o diferente que nos apaixona...

Obviamente, faço uma separação entre deixar uma cultura "evoluir e estar em paz", e olhar descontraidamente para ela enquanto esta morre de fome e/ou guerra...mas custa-me a ideia do "nós é que estamos correctos, tens de ser como nós, nem que te obriguemos"...

...hoje, esta imagem marcou-me...bem como o filme, que me fez reflectir sobre os reais Direitos Humanos que temos e defendemos...sendo que o direito à cultura e a um local para habitar fazem parte desses direitos...
...contudo...países desenvolvidos obrigam indígenas a abandonar o local onde sempre viveram, para que se possa produzir mais electricidade...que os indígenas despejados não consomem...

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Sol da Caparica

...É incrível...
...quem diria que um espaço de tempo tão curto, numa vivência tão peculiar, poderiam ter efeitos tão profundos em mim...

...algum tempo depois, tornei a passar a 25 de Abril com destino à FCT...objectivo: ir pedir um comprovativo das cadeiras que lá fiz, enquanto lá andei no mestrado...e enquanto lá morei a part-time...

...e é exactamente esse conceito de part-time que hoje me intriga...será que estive na Caparica a part-time...ou será que estive na Vieira a part-time? ...a verdade é que o copo é "meio-cheio" para qualquer uma das duas...mas, sinceramente, hoje senti que foi lá que estive...e não a part-time...saudosismo?...modo de vida desejado (a.k.a. cigano)?...ou simplesmente etapa da minha vida que tanto adorei?

...a verdade é que não sei responder...mas sinto uma felicidade genuína quando penso na minha estadia lá...felicidade essa que aumenta quando me vejo no tabuleiro da ponte, enquanto o JC do Pragal ameaça bater palmas...

...saudades da vida sem poiso certo...saudades da descoberta pessoal...saudades da emoção que ficou após o largar "lastro" e partir...saudades das emoções dispares, mas complementares, vividas entre a Vieira e a Caparica...


...Coimbra marcou...Caparica marcou...acho que me vou mudar pá Coina...
=)

...brincadeirinha...mais facilmente voltava à margem sul...talvez por nunca ter sido lá roubado, mas identifiquei-me...e, de certa forma, descobri-me um pouco mais...

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

O polvo

Estava um crustáceo a apanhar banhos de sol numa praia vazia...que continuou vazia durante muito tempo......a praia em causa, devido à maré-cheia, era muito pequenina...mas, à medida que a maré descia, a praia ia aumentando, e os outros crustáceos que chegavam à praia iam tendo, a pouco e pouco, espaço para bronzear as suas antenas...sem terem de se pôr uns "em cima dos outros"...pelo menos obrigatoriamente =)

..até que...do nada...uma família de polvos saída sabe-se lá de onde, resolve assentar arraiais mesmo em cima do crustáceo que antes estava só...ao ponto do referido animal ter de se afastar para que os polvos pudessem explanar todas as suas ventosas pelo areal...

Ainda há por aí muito animal que pensa que educação, respeito e bom-senso são sinónimos de permissividade e espírito fraco...da mesma maneira que se auto-considera o expoente máximo da adaptação ao meio (Darwinismo)...

O Mar já estava mau...não ia adiantar nada armar ondas só porque os demais estavam armados em parvos...cheguei-me pó lado e continuei a cozedura...